O ano de 2018 iniciou com a perspectiva de retomada do crescimento econômico. A divulgação no início do ano do desempenho da economia em 2017, contudo, não deu sinais muito claros dessa retomada. Mesmo com crescimento de 1% do Produto Interno Bruto – PIB em 2017, outros indicadores como desemprego ainda alto, alertava para as dificuldades que ainda estavam no horizonte próximo.
O crescimento de 1% em 2017, embora sinalizasse um possível final do período de recessão experimentada nos anos de 2015 e 2016, nem de longe foi suficiente para compensar as quedas dos anos anteriores, 3,5% e 3,5%, respectivamente. O fato é que o resultado de 2017 foi muito mais um resultado conjuntural, isto é, a soma de alguns fatores positivos que não necessariamente se repetiriam ou se sustentariam nos anos seguintes.
Podemos destacar dentre estes fatores a safra recorde, especialmente de grãos, colhida em 2017, que além de elevar as exportações ainda foi responsável pela redução de preços de vários produtos agrícolas, o que impactou de forma bastante positiva no preço dos alimentos e, consequentemente, nos índices de inflação. A liberação de saques nas contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, também foi um fator extremamente positivo no sentido de aquecimento da demanda, uma vez que colocou mais dinheiro em circulação na economia. Ainda que muito deste valor tenha sido utilizado para saldar dívidas (consumo passado). Mesmo não utilizando para consumo presente, este recurso ao reabilitar o crédito de várias pessoas, permite que as mesmas pudessem voltar a consumir novamente.
Infelizmente, esses fatores não se repetirão novamente em 2018. A safra deste ano, embora muito boa, não repetirá o recorde do ano passado. O mesmo se aplica aos saques nas contas inativas do FGTS. O Governo tem tentado conseguir esse mesmo efeito com a flexibilização da idade para saque dos recursos do PIS/PASEP, mas o mesmo não tem o mesmo alcance dos saques nas contas do FGTS.
Além disso, um fator bastante preocupante tem sido o baixo nível dos investimentos, tanto públicos quanto privados. É muito difícil imaginar a retomada do crescimento da economia sem que haja investimento. Após a aprovação e entrada em vigor da Emenda Constitucional 95, que congela o orçamento primário do Governo Federal por 20 anos, praticamente não tem havido margem para investimentos novos e nem para continuidade de investimentos já em curso. Na verdade, os recursos do orçamento têm sido insuficientes até mesmo para o custeio da máquina pública. É importante lembrar também, que a maioria dos investimentos, especialmente os mais onerosos em infraestrutura, logística, P&D, sempre foram induzidos pelo Governo.
Por sua vez, o setor privado, diante da instabilidade econômica e política no país, também não tem investido. A pouca previsibilidade do momento tem feito com que as empresas posterguem, ou mesmo desistam, de suas decisões de investimento. Isto sem falar que o crédito, especialmente público, está bastante escasso.
Deste modo, a combinação de baixo crescimento, alto desemprego (que reduz sobremaneira o consumo de bens e serviços) e o pouco investimento (públicos e privados) têm funcionado como eficiente freio de mão da economia.