Ciclo de seminários regionalizados de formação de base começa em Ilhéus

Atendendo a um pedido feito pela base, o Sindicato dos Servidores dos Serviços Auxiliares do Poder Judiciário do Estado da Bahia (SINTAJ) iniciou, neste sábado (12), o ciclo de seminários regionalizados de formação sindical de base. A primeira edição do evento aconteceu na cidade de Ilhéus, no sul baiano e foi dirigida para os servidores da comarca deste município e das cidades de Itabuna, Coaraci e Canavieiras. O tema da explanação, que será o mesmo para todos os seminários, foi a Formação Política Sindical e a democratização do Poder Judiciário, através da Proposta de Emenda a Constituição (PEC) 526/10 – que dá direitos aos servidores dos Tribunais de Justiça a votarem nas eleições para presidente das Cortes. Quem ministrou o curso foi o sociólogo e professor da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Giovanni Alves.

O sindicalismo hoje

Durante a manhã, Alves falou sobre a situação da política sindical nos dias atuais. De acordo com o sociólogo, grande parte dos sindicatos está enfraquecida e não consegue defender os direitos do trabalhador, devido à grande despolitização do povo brasileiro, que se reflete nessas entidades. “A sociedade brasileira não é participativa. Ainda não entende a importância da participação. O Brasil é um país que tem essa perversão histórica. E não é só o povão, não. A classe média também”, colocou o professor. Alves ainda falou sobre o que ele denomina como “misérias do sindicalismo”: fragmentação, corporativismo, burocratismo e economicismo.

A servidora Maria Aparecida Vasquez, da comarca de Itabuna, afirmou que a explanação foi esclarecedora. “A palestra foi maravilhosa. Ela deu uma visão mais ampla do que é o sindicato e da nossa responsabilidade enquanto sindicalizado”, elogiou.

Como democratizar

Já no turno da tarde, a palestra tratou diretamente da PEC 526. Em uma fala mais conceitual, Alves abordou a definição do estado democrático de direito, os entraves à aprovação da referida norma e os desafios que ainda permanecerão no Judiciário mesmo após a sua implantação, mostrando a importância sindical nesse cenário. “Essa PEC [526/10] é revolucionária. A democratização do judiciário incomoda. Pedir a democratização do Judiciário é pedir que ele seja mais eficiente e politizado. E as oligarquias têm medo disso. Mas não é de um dia pro outro que as coisas vão mudar. A aprovação PEC é apenas a preparação do terreno para as futuras gerações, na qual é necessário a participação sindical. Porque é o sindicato que faz a formação da base”, discursou.

Debate

Ao final da palestra vespertina, assim como ocorreu durante a manhã, os trabalhadores participaram de um debate juntamente com o professor, em que puderam expor suas opiniões, demandas e discordâncias em relação à fala do palestrante. O servidor Tiago Pascoal, da comarca de Ilhéus, um dos participantes mais ativos durante a troca de ideias, elogiou a regionalização dos seminários. “Essa iniciativa do SINTAJ merece ser valorizada. Porque com essa ação o sindicato se aproxima da base, promove um espaço de debate e traz para a gente informações valiosas, que nos mostram em que lugar da sociedade nós estamos inseridos e como nós atuaremos para alterar as desigualdades no mercado de trabalho”, opinou. O coordenador de convênios do SINTAJ, Alberto Miranda, um dos responsáveis diretos pela organização do evento, fez uma boa avaliação da primeira edição do seminário. “Organizar esse evento foi uma satisfação porque foi uma demanda da categoria. Os servidores que foram tiveram uma participação de qualidade, interagiram. Eles serão multiplicadores nas suas comarcas, com certeza”, antecipou.