Nesta quinta (29) se comemora o dia Mundial de Combate ao AVC (Acidente Vascular Cerebral). A doença, popularmente conhecida como derrame, é, de acordo com o Ministério da Saúde, a segunda causa de morte no Brasil, atrás apenas das doenças cardíacas isquêmicas. Por ser uma enfermidade que, geralmente, aparece de modo súbito e pode levar a pessoa a morte ou deixar sequelas graves é muito importante que todos entendam como ocorre um AVC e quais são os seus sintomas. Na entrevista abaixo, o cardiologista George Rangel, médico da unidade cardiovascular do hospital Ana Nery e da unidade de terapia intensiva do Hospital das Clínicas, aborda os principais indícios, fatores de risco e as formas de prevenção da doença. Rangel chama a atenção para a necessidade de encaminhar imediatamente a pessoa que está tendo um AVC para uma unidade de emergência. “Quanto mais rápido for o atendimento, menores são as chances de o paciente ficar com sequelas ou vir a óbito”, ressalta o médico.
Em uma linguagem simples, o que é o AVC? Como ele acontece?
O AVC é a interrupção do fluxo sanguíneo e, consequentemente, da oferta de oxigênio para determinada área do encéfalo, que inclui cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Essa interrupção, que chamamos de isquemia, pode acontecer pela obstrução (AVC isquêmico) ou pelo rompimento (AVC hemorrágico) de alguma artéria. Quando isso acontece o paciente apresenta o que chamamos de déficit neurológico agudo, que pode se apresentar como uma incapacidade parcial ou total em sentir ou mobilizar alguma área do corpo. No entanto, também pode ocorrer impossibilidade ou dificuldade de falar e/ou de compreender a linguagem, cefaleia (dor de cabeça) súbita e muito intensa, convulsões e desmaio. A pessoa pode chegar até a entrar em coma. Quando esse déficit neurológico persiste por mais de 24 horas acontece o infarto ou morte daquele tecido neurológico e o AVC está instalado.
O AVC é a segunda doença que mais mata no Brasil. Quais são os principais fatores de risco para a enfermidade?
Os principais fatores de risco para o AVC são a hipertensão arterial sistêmica, a fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca), obesidade, sedentarismo e insuficiência cardíaca. Além destes, também temos os demais fatores de risco para doenças ateroscleróticas (resultantes do acúmulo de gordura na parede das artérias), como tabagismo, diabetes mellitus e dislipidemia (elevação anormal dos níveis de gordura no sangue). No Brasil, a hipertensão não tratada ou não tratada adequadamente é, de longe, o principal fator de risco para o AVC.
O aparecimento súbito de dor de cabeça muito forte, dormência na face, paralisia, dificuldade para falar e enxergar são considerados indícios de que uma pessoa pode estar tendo um AVC. Esses sintomas aparecem independentemente do nível de gravidade do AVC?
Os sintomas de um AVC são proporcionais a área acometida pela isquemia. Quanto maior a área acometida, mais grave e extensa é a manifestação do déficit neurológico.
Quais testes podem ser feitos para avaliar se os sintomas que a pessoa apresenta realmente caracterizam um AVC?
Um teste simples é pedir ao paciente para repetir alguma frase ou fazer alguma pergunta simples e, caso ele não consiga ou tenha dificuldade de responder adequadamente, seja com um alentecimento (lentidão), usando palavras fora de contexto ou mesmo emitindo sons incompreensíveis ele pode estar tendo um AVC. Outra possibilidade é pedir para a pessoa sorrir. A assimetria na mobilização da musculatura facial (a boca puxando mais para um lado) também pode indicar um AVC. Podemos também testar a força muscular nos membros. Pedir para o paciente levantar os braços ou mesmo apertar as mãos. Se houver dificuldade em começar a mobilizar ou mesmo esse membro cair durante o movimento, pode ser sinal da doença. O mesmo vale para os membros inferiores. Em geral, esses são os sintomas, mas também é preciso ficar atento caso haja perda de consciência, dor de cabeça muito intensa e súbita e crises convulsivas. É muito importante que alguém que está tendo um AVC seja levado ao médico imediatamente. Quanto mais rápido for o atendimento, menores são as chances de o paciente ficar com sequelas ou vir a óbito.
Como prevenir o AVC?
O AVC pode ser prevenido, basicamente, agindo-se sobre os fatores de risco. A gente faz isso realizando avaliação médica regular, de modo que o médico possa inquirir o paciente sobre esses fatores, para identificá-los e tratá-los. Ou seja, deve-se controlar a pressão arterial do paciente hipertenso, a glicemia do diabético e incentivar e ajudar os tabagistas a abandonar o cigarro. A partir do momento que o paciente tem esses fatores de risco controlados, a gente deve incentivá-lo a manter uma vida ativa, fazer atividade física aeróbica de forma regular e se alimentar de forma saudável. Tudo isso ajuda a prevenir o AVC.
Excelente informação!!!!!