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O absurdo faz o muito ruim parecer normal: Por que os trabalhadores do TJ-BA ainda não querem a volta ao trabalho presencial?

Após mais de um ano de pandemia, todo mundo já sabe como a dinâmica da alta de casos da COVID-19 se estabelece no Brasil. Os casos e mortes atingem seu pico e ameaçam colapsar os sistemas de saúde e funerário. Os governantes fazem um suposto lockdown. Nada demais, só algumas restrições de circulação pouco fiscalizadas. Como alguma coisa é melhor do que nada, essas medidas surtem um pequeno efeito. As mortes e a ocupação das UTIs caem. As restrições são relaxadas. Os casos voltam a subir, surgem variantes mais agressivas, faz-se um lockdown “meia boca” novamente – quando faz – e, assim, os brasileiros seguem no ciclo vicioso da normalização da morte.

O inominável consegue fazer o muito ruim parecer aceitável. De acordo com dados da Sesab (Secretaria de Saúde do Estado da Bahia), nesta quarta-feira (12), a Bahia teve 92 óbitos e 4.309 casos confirmados de COVID-19, uma doença para a qual já existe vacina e método comprovado de diminuição de contágio. Mas no dia 7 de abril foram 188 mortes e no dia 27 de fevereiro 6520 casos confirmados, ainda segundo a Sesab. Como já morreram 188, passa-se a achar que é “de boas” morrer 92. A taxa de ocupação de UTI adulto no estado está em 79%, a pediátrica, em 61%. Mas já foi mais de 80%, então tudo bem.

De ontem para hoje, 92 famílias perderam alguém que amavam. Em apenas 24 horas. São 21 mortes a mais do que as que ocorreram no acidente de avião da Chapecoense, em 2016. De ontem para hoje, ocorreram, na Bahia, quatro desastres de Mariana, acidente que, em 2015, vitimou 19 pessoas por conta do rompimento da Barragem do Fundão, no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana, em Minas Gerais.

É com a grande possibilidade da volta do contágio sem controle e com as mortes que, sim, continuam acontecendo, que os trabalhadores do TJ-BA (Tribunal de Justiça da Bahia) seguem preocupados. E por isso acham que ainda não é o momento de retornar ao trabalho presencial nas unidades judiciárias. Os servidores vêm mantendo uma grande produtividade durante o home office, garantindo, inclusive, prêmios para o TJ-BA. O trabalho não está, de forma alguma, prejudicado.

Somente um lockdown eficiente e o aumento da cobertura vacinal realmente frearão a ação do vírus. Os governantes sabem exatamente a receita do combate ao coronavírus: isolamento, ajuda financeira digna para quem ficará impedido de trabalhar, ajuda para as empresas manterem os empregos e deixar as ruas menos perigosas para aqueles trabalhadores que são essenciais e cujo trabalho tem que ser inevitavelmente feito de forma presencial. Mas fazer isso tem um custo político que pouquíssimos estão dispostos a assumir. Os que se preocupam com a vida é que são tidos como insensatos.

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