Niassa Jamena
Os servidores do Judiciário baiano decidiram, em Assembleia Geral, realizada na manhã desta sexta-feira (4), suspender a greve da categoria. A paralisação já durava 43 dias. Após intensa negociação, o comando de greve conseguiu acordar com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) o abono do corte de ponto que já estava garantido pelo decreto baixado pelo presidente da Corte, desembargador Eserval Rocha, no dia 25 de agosto. O acordo foi elaborado em reunião com o Diretor Geral da Presidência do TJ-BA, Franco Bahia, ocorrida na noite desta quinta-feira (3).
A categoria saiu do movimento paredista com a garantia de recebimento do salário integral no mês de setembro – o decreto previa desconto de todos os dias não trabalhados retroativo ao dia 24 de julho –, do pagamento do reajuste linear no valor de 6, 41%, sendo 3,5% retroativo a março e 2,91% em novembro. O projeto que prevê a reposição inflacionária foi aprovado pela Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), na última terça-feira (1º). Ainda ficou assegurado o reajuste no auxílio alimentação também de 6,41%, totalizando R$ 51 em valores absolutos.
Além dessas conquistas, os servidores também conseguiram a participação em uma comissão de elaboração de um novo Plano de Cargos e Salários (PCS), quando a mesma for criada. Com essa representatividade, serão estudadas e corrigidas as distorções no pagamento da Vantagem Pessoal de Eficiência (VPE). Dentre os 10 mil servidores, 489 não recebem o benefício.
O Sindicato dos Servidores dos Serviços Auxiliares do Poder Judiciário da Bahia (SINTAJ) também impetrou um mandado de segurança para assegurar a implementação do Plano de Cargos e Salários (PCS). Assim que sair a decisão, o TJ-BA se comprometeu a pagar o benefício imediatamente.
Vitória
Para a grande maioria dos servidores a greve foi vitoriosa e uma oportunidade de aprendizado para a categoria. “Eu achei que a decisão foi coerente. Diante de toda a jornada, esse era o momento de suspender. Nós saímos do movimento de cabeça erguida, com a categoria unida e fortalecida”, afirmou, confiante, Renata Pinheiro, da Turma Recursal do Fórum do Imbuí, em Salvador.
“Nos últimos tempos nós temos vivido uma conjuntura que tem nos achatado, que é a terceirização. O Tribunal terceiriza para retirar a nossa capacidade de mobilização. E mesmo com essa conjuntura conseguimos segurar 43 dias de greve!”, disse, otimista, o coordenador geral do SINTAJ, Antônio Jair.
Márcio Ferraz, servidor do Juizado Especial Cível de Ipiaú, também se mostrou satisfeito com os rumos tomados pelo movimento paredista. “A nossa greve foi altamente vitoriosa. Antes da greve a gente não tinha linear e conseguimos. O linear só vai sair imediatamente por causa da greve. Judicialização não é imediata. E mesmo que nós não conseguíssemos nada, nós já seríamos vitoriosos só por poder brigar pela nossa causa”, discursou, muito aplaudido pelos colegas.
Coragem
O clima de união e fortalecimento perpassou toda a assembleia. Durante o encontro, muitos falaram sobre as dificuldades vencidas e os sacrifícios dos colegas. “Quero primeiro parabenizar o comando de greve. E nós não podemos esquecer que nós renascemos. A categoria está de parabéns. As pessoas estavam feridas pelo movimento de 2010. Mas temos que lembrar que o poder jamais vai lutar pelos trabalhadores. Nós é que temos que lutar pelos trabalhadores. Nós estávamos mortos e renascemos”, exortou Augusto Souza, da Casa dos Serventuários.
Bastante firme em sua fala, o servidor Ricardo Sales, da unidade de Camaçari, elogiou os colegas que vestiram a camisa do movimento grevista. “Na minha unidade todo mundo se juntou a mim e ninguém assinou o ponto. Quando eu vi o pessoal da turma recursal lá no Imbui todos os dias, tudo isso me deu força para continuar a greve. Quem me deu força foi o pessoal que passou quarenta dias sem ir pra casa, que não foi ver o filho, foram esses bons exemplos que me incentivaram.”
Sindicato FORTE, servidor RESPEITADO!
