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Dia dos aposentados e aposentadas: envelhecer é um privilégio!

Hoje, 24, é comemorado o Dia Nacional dos Aposentados e Aposentadas. Essa celebração foi conquistada a partir de muita luta, na qual se destaca também um marco histórico conquistado por trabalhadores e trabalhadoras que foram resistência em busca de um novo tempo. Essa data especial é um marco porque celebra-se 100 anos da Previdência Social Brasileira, que foi instituída para garantir o direito à aposentadoria, a pensão e o sagrado direito de envelhecer com decência.

Vale ressaltar que as aposentadas e aposentados públicos, tem uma data especial de comemoração pelo seu dia, sendo em 17 de junho, enfatizando a importância grandiosa de sua luta em busca de direitos.

A História da data

Um importante movimento reivindicatório ficou marcado contextualmente no início do século XX com a organização de funcionários das estradas de ferro, que ensaiaram a primeira greve geral, realizando paralisações em busca de direitos como a redução da jornada de trabalho para oito horas, respeito quanto ao tratamento que recebiam, reajuste salarial periódico, adicional noturno, auxílio médico, férias, aposentaria entre outros, lutando por melhores condições de trabalho.

Durante esse período de protesto, houveram conflitos com a polícia, pessoas morreram, durante 15 (quinze) dias a grave se espalhou por todo o país. Porém, ela voltou a acontecer em 1907, 1917 e 1919. Todo esse movimento assinalou a possibilidade de mudanças trabalhistas que trouxessem a dignidade humana e beneficiasse o interesse de classe em relação aos trabalhadores e as conquistas de direitos.

Em 24 de janeiro de 1923, é sancionada a Lei Eloy Chaves, que destaca a criação da Previdência Social no Brasil, inicialmente, criando Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP) para empresas de estradas de ferro. Uma resposta que refletiu positivamente a partir dos movimentos da classe trabalhadora das estradas de ferro. Após esse primeiro momento, outras classes trabalhistas passaram a ser segurados, garantindo a chegada a fase idosa com direitos adquiridos após anos de dedicação ao trabalho.

Aposentadoria não é ícone de desocupação

Apesar de ser um momento esperado, muitos questionamentos pairam entre essas pessoas quanto ao que fazer durante a aposentadoria. Para falar sobre esse assunto, entrevistamos Viviane Conceição, Assistente Social Especialista em Gerontologia e mentora de Projetos de Programa de Preparo para a Aposentadoria.

SINTAJ – A aposentadoria é sempre um momento aguardado, mas o que fazer durante a ela, sendo essa uma das maiores preocupações de quem se aproxima dessa fase da vida?

Viviane Conceição – De fato, é muito desafiador o momento da aposentadoria, principalmente por alguns motivos. Primeiro, as pessoas acreditam e tem alta expectativa de que o momento da aposentadoria será o máximo porque eles estarão afastados do trabalho. Só que é preciso pensar que a nossa vida, na maioria das vezes, gira em torno da atividade laboral porque o trabalho faz parte da vida humana. Então, de repente, quando a pessoas, apesar de ter muita expectativa, se ela não fizer um planejamento adequado, ela tem realmente uma dificuldade quando ela sair do trabalho, porque a vida gira em torno dessa atividade e por esse motivo, muitas vezes, ela organiza sua rotina, ela organiza sua vida, seus amigos, até mesmo seu lazer baseado naquele grupo e naquele ciclo de trabalho. Então isso, muitas vezes dificulta esse processo, desse momento da aposentadoria. Mas planejar essa aposentadoria, ela é essencial, algumas empresas, hoje, estabelecem alguns Programas de Preparo para Aposentadoria (PPA), e que ele auxilia muito no processo de organização de novas rotinas, de expectativa de novas atividades. E isso muitas colabora.

SINTAJ – Acreditamos que se aposentar envolve mais do que apenas descansar e colher os frutos da carreira, não é isso?

Viviane Conceição – Sim. Se aposentar é muito mais do que simplesmente colher os frutos da carreira. Envolve você ressignificar a vida, ressignificar a rotina, o lugar que você ocupava. Eu sempre gosto de dizer que no trabalho a gente muitas vezes, comandava equipes, era dono daquele processo de trabalho, era uma rotina que eu tinha controle e estabelecia os limites, muitas vezes tinha subordinados, então, determinava a atividade de alguém. Quando eu saio desse lugar, eu perco esse papel social que nem sempre eu consigo reconquistar, porque esse papel social para mim é de extrema importância porque o trabalho dá a sensação de atividade, a sensação de ser útil para a sociedade. Para a sociedade hoje, a questão da utilidade é essencial e muitas vezes a gente se debate com a péssima expectativa das pessoas que a aposentadoria está ligada a envelhecimento e depois morte. Então, essa é a grande preocupação que temos que ter.

Que não, eu posso ressignificar sim esse lugar, eu posso sair do papel de trabalhador e ir para outros papéis que talvez eu quisesse fazer. Talvez eu sempre quis ser artesão ou eu sempre quis não fazer nada, ou sempre quis aprender algo, ou sempre quis viajar e não tinha tempo pra fazer. Essa é a questão do ressignificar o papel. E uma coisa que eu sempre digo, principalmente para casais, quando se aposentam, é porque a gente não vivi em casa, então a nossa rotina, na maioria das vezes para quem trabalha, grande parte é na rua. E quando a gente volta pra casa, voltamos para a rotina da casa, mas sem entender que a casa não funciona talvez, da forma como eu achava que ela funcionava e aí, eu quero exercer a função de comando, de dona(o) de determinado serviço dentro do ambiente doméstico e que isso acaba gerando um certo desconforto para quem esta em casa. Seja o cônjuge, os filhos, os netos, então é um processo de ressignificar e até entender essa nova fase né. Entender o processo de envelhecimento que é natural, entender essa que não é a melhor fase da vida talvez, em termo de condição de saúde ou condição física, mas pode ser que eu ressignifique ela e torne muito melhor.

SINTAJ – Qual mensagem que você, como Assistente Social e que lida com a realidade dos aposentados e aposentadas todo dia, deixa nessa data para que eles possam entender qual a importância que eles têm para a sociedade?

Viviane Conceição – Eu sempre digo que envelhecer é privilégio. Por que é privilégio? Porque talvez alguns de nós não alcançaremos certas idades. Ao mesmo tempo, o ato de se aposentar hoje não está só atrelado ao envelhecimento, porque as pessoas têm uma sobrevida muito melhor. Eu acredito muito na importância de mudar, ser resiliente e ressignificar as coisas. Se nós não trazemos significados para nossa vida em outros momentos, nós sofreremos porque a rotina deixou de existir. O cuidado que muitas vezes a gente precisa ter também nessa fase é para que os outros não achem que você é uma pessoa desocupada, mas, desocupada o suficiente a ponto de eles delegarem para você atividades, já que você está em casa então começam a delegar coisas. Então, é filho que delega responsabilidade de seus respectivos filhos; ou outros que delegam responsabilidade do cuidado específico de um ente querido.

Se as pessoas planejam o seu processo de aposentadoria, que envolve pensar quais atividades eu posso fazer, que círculo de amizade eu posso construir, que bases eu tenho… Isso envolve coisas além. É a base familiar, é a minha base de fé, é como eu lido com a minha vida, como eu cuido do meu corpo, a minha perspectiva do que é envelhecer e como eu lido com esse processo dessa fase nova. É você ressignificar e dar novos direcionamentos para coisas que talvez você anteriormente não tinha. Então, eu acho que esse momento é importante. A gente vive num país com muitas injustiças sociais e econômicas que nem sempre todos terão privilégio de ter uma aposentadoria que possa garantir uma condição de vida razoável e que consiga lidar com todas as suas necessidades. Mas, ao mesmo tempo, eu entendo o quão importante é cuidar-se para que você possa cuidar do outro. Então hoje quem já está no processo de aposentadoria ou quem ainda está na fase inicial, é importante no primeiro momento cuidar de si para que possa transpor esse cuidado para outras pessoas ou até, em primeiro lugar, olhar para si. Então esse é o momento de rever, de ver o que gosta e de reavaliar.

Parabéns aos aposentados e aposentadas. É o que deseja o SINTAJ!

O SINTAJ então reforça todo respeito e admiração para aqueles que depois de décadas de trabalho, deram início a um novo ciclo de vida. A Coordenadora dos Aposentados e Aposentadas Valéria Álvares, celebra este dia com uma mensagem de felicitações pelo dia, desejando “Parabéns a todos os colegas aposentados, representamos a voz da experiência! É um dia de celebração, respeito, gratidão e luta! Celebração por todos os direitos conquistados e luta por todos os direitos que ainda precisamos conquistar! Reitero a necessidade da luta em defesa dos nossos direitos, bandeira que sempre abracei e conclamo meus colegas a não terceirizar nossa luta, que estejamos unidos na luta pela aprovação do auxílio saúde, auxílio remédio e aprovação de novo PCCS que foque, principalmente, no aumento do vencimento básico que contemplará a todos, aposentados e ativos! Avante, sempre!”

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